O Amigão da Vizinhança Arrebenta no PSOne

Spider-Man
Neversoft/Activision
PSone – 2000

A relação entre quadrinhos e videogames sempre foi bem estreita. Games com temática basada em quadrinhos de super-heróis vem sendo desenvolvidos desde o jurássico Atari 2600. Sendo que o personagem que mais marcou presença nos consoles foi o amigão da vizinhança, O Espetacular Homem-Aranha. De longe o herói mais popular da Marvel, o cabeça de teia protagonizou muitas aventuras nos games sendo uma das primeiras no já citado Atari. Passando pelo NES, Mega, SNES até chegar ao console SONY PlayStation em 2000.

Com o título de Spider-Man (simples assim, sem subtítulo) o game desenvolvido pela Neversoft na engine do game Tony Hawk’s Pro Skater foi a primeira aventura do teioso em 3D. Pela primeira vez os jogadores poderiam controlar o Aranha balançando por Nova Iorque num ambiente em três dimensões.

O Game retrata o cenário dos quadrinhos do herói do final dos anos 90, Peter ainda está casado com Mary Jane, embora ele ainda se relacione com a Gata Negra. Vários dos inimigos clássicos estão no game, mas Venon e Carnificina tem mais relevância para o enredo do jogo.

Na trama, Doutor Octopus tem uma de suas apresentações científicas invadida pelo Homem-Aranha que rouba seu novo invento. O detalhe é que Peter Parker está no meio do público fazendo um reportagem pro Clarim Diário. Nesse mesmo evento Eddie Brock, contraparte humana do Venon testemunha o crime cometido pelo Aranha e resolver persegui-lo. É bom lembrar que nessa época o Venon passava por uma transição de vilão para anti-herói nos quadrinhos. Em seguida a ilha de Manhattan tem as ruas inundadas por um gás venenoso cuja autoria também é atribuída ao Homem-Aranha.

Vendo que seu alter ego estava sendo incriminado, Peter resolve investigar para limpar seu bom nome. No caminho ele enfrenta boa parte de seu panteão de vilões como, Rhino, Mysterio e Escorpíão. Além de encontrar aliados como o Tocha Humana, Gata Negra e Demolidor.

O plot do gás foi uma ideia esperta da desenvolvedora para “apagar” boa parte do cenário urbano, facilitando assim a vida dos programadores e designers que só precisavam criar as fases mostrando a parte de cima dos prédios, sem se preocupar com ruas, veículos e população. Claro que isso também era necessário devido às limitações do hardware do console. Mas o jogo não fica só na parte aérea da cidade, há fases em ambientes fechados, como em escritórios, metrô e os esgotos da cidade. A jogabilidade é bem fluída, com o personagem tendo uma grande gama de golpes e movimentos. Há vários itens espalhados pelas fases como energia e fluído de teia além de capas da revista do Aranha da época. Durante o game pode-se destravar outros uniformes do Aranha como a Spider-Armour Mk1 e o uniforme negro.

É lógico que não podia faltar o tradicional humor e irreverência do personagem, com diálogos espirituosos e piadas infames com seus inimigos. Aliás isso me faz lembrar de um dos pontos fracos do game, a falta de uma legenda, mesmo em inglês, faz com que um jogador que não domine a língua, falada ou escrita, perca vários desses momentos que lembram o bom e velho Aranha.

Outro ponto fraco são as cut scenes feitas na própria engine do jogo, que já era datada para a época. Embora os gráficos do jogo seja OK para alguns hoje e eu me incluo nisso. Existem vários exemplos de jogos contemporâneos que possuíam cut scenes muito mais elaboradas. Mas esses problemas não tiram a diversão que é explorar os cenários, lutar com os inimigos ou pegá-los de surpresa além de balançar na teia.

Dito isso, Spider-Man para PlayStation é um grande avanço em jogabilidade e ambientação. Traz uma história divertida e cheia de ação bastante calcada nos quadrinhos do Aranha que eram publicados na época. Isso pode causar um certo estranhamento em leitores e jogadores mais novos, mas pra quem já acompanhava as revistas do teioso, pode trazer boas lembranças. Game recomendadíssimo para quem não acompanha os quadrinhos e obrigatório para os fãs do herói mais “gente como a gente” das HQs.