Indicação: Kanata Lost in Space

Assisto animes desde sempre. Pelo que me lembro, o primeiro que acompanhei mesmo, foi Fantomas, nas tardes da Record nos anos 80. As enormes diferenças entre as produções japonesas e os cartoons americanos foram o que me chamou mais atenção. Histórias cheias de ação e drama e com um enredo que permeava toda a série deixava os clássicos da Disney e Hanna Barbera no chinelo.

Mas, de uns anos pra cá, algo começou a me incomodar no gênero, enredos repetitivos, clichês aos montes e o, controverso para alguns e glorificado por muitos, fan service. Estamos em uma época que o mercado é inundado por muitos animes a cada temporada o que obriga o expectador ocasional, como eu, a ter de garimpar num mar de produções, muitas delas de qualidade duvidosa.

Dei toda essa volta só para chegar ao tema desse post. O anime Kanata no Astra, ou Astra Lost in Space (já tinha falado dele aqui). Produção de 2019, baseada no mangá de Kenta Shinorhara, publicado entre 2016 e 2017.

Sou fã de ficção científica, principalmente da estética japonesa, e me ressentia da abundância de animes com temas místicos e de fantasia que temos hoje. Por isso, as primeiras imagens desse anime me chamaram a atenção logo de cara, então resolvi dar uma chance a ele.

E foi uma grata surpresa!

Esperava ver mais do mesmo, personagens femininas em situações sensuais, garotos que travam na presença delas, situações absurdas, lutas intermináveis contra inimigos cada vez mais poderosos enfim, tudo aquilo que vemos em nove de dez animes atuais. Não é preciso dizer que quebrei a cara bonito.

Com um enredo bem construído, o programa nos mostra as aventuras (Ou seria desventuras?) de um grupo de adolescentes que partem de seu planeta, Astra, para um outro, próximo, onde participariam de uma espécie de expedição escolar, no ano de 2063. Ao chegarem no destino o grupo de jovens é lançado no espaço, em órbita de um planeta congelado por um fenômeno físico desconhecido. À deriva, no frio do espaço, a morte do grupo parece certa até eles perceberem uma nave próxima a eles.

Bem, esse é um resumão do primeiro episódio. No resto da série, a trama cuida de aprofundar cada personagem do grupo, cada um deles tem um passado triste, duas irmãs cuja criação fora relegada aos empregados da casa, uma jovem que é oprimida pela mãe, outro que parece ser rejeitado pelo pai e por aí vai. Na primeira parte do anime, cada episódio é dedicado a um ou dois personagens e seu background enquanto o grupo pula de planeta em planeta para chegar em casa. Mas o melhor estava guardado para o final.

A partir do sétimo episódio, a história toma contornos mais abrangentes, é mostrado que aqueles jovens podem ter uma ligação que eles mesmos desconhecem e que tudo que aconteceu com eles pode não ser um mero acidente. A trama vai crescendo de tal maneira que você não consegue ficar apenas em um único episódio. E fica mais interessante na parte final, porque cada episódio apresenta um ou até dois plot twist! Destaque para os episódios 9, 10 e 11.

A série não deixou nenhum personagem de lado mas, o trio Kanata, Zack e Charce, acompanhados da fofa da Aries são os meus preferidos.

Kanata, Zack, Charce e Aries

Kanata no Astra é uma joia. Enredo enxuto, fugiu da maioria dos clichês dos animes e mostrou que o gênero Sci-fi pode oferecer ótimas histórias. O final é bem fechado e satisfatório, o que achei ótimo, já que finais abertos não me agradam. Tem fan service? Só um pouquinho, não vai incomodar os mais sensíveis.

9/10