Conto - Parte 9B - Contagem Regressiva
Ilyana,
sua namorada, sabia das intenções de seu professor e o apoiava?
Mesmo sabendo dos temores dos estudiosos do Instituto Lebedev e do
Exército? Todo o sofrimento que passara depois que trouxera o ônibus
de volta, a culpa por ter sobrevivido ao Evento e seu amigo não, as
mortes ocorridas naquele dia. Tudo isso poderia ter sido evitado se,
em vez de apoiar aquela loucura, sua namorada tivesse relatado os
fatos às autoridades. Ronaldo sentiu um bolo crescendo em seu
estômago deu alguns passos para trás se arqueou e vomitou no chão.
0:05:45
Ronaldo
se recuperava quando Valeska tentou apoiá-lo. Ela estava preocupada
com seu amigo, o encontrara desacordado momentos antes e agora essa
reação ao saber que sua namorada estava envolvida em tudo aquilo.
Parecia ser demais para ele suportar. Agora, o rapaz chorava.
-Vamos
amigo, não desista! Ainda dá tempo de evitar tudo.
-Nyet!
Não há como parar o processo.
Os
dois se viraram, alarmados. Na porta da sala de controle, a mesma que
Ronaldo deveria vigiar, uma figura alta usando um terno escuro
apontava uma pistola Tokarev para os intrusos.
Ronaldo
esboçou uma reação, mas o homem levantou a arma um pouco mais para
deixar claro sua intenção de atirar, caso fosse necessário, o que
levou o rapaz a repensar suas ações. Em seguida, o homem na porta
fez sinal para que o jovem se livrasse da arma que carregava. Ronaldo
abaixou o fuzil, o deixou no chão e em seguida o empurrou, com o pé
para longe.
-Você,
eu sei quem é. É um dos alunos do Olaf. - disse Medvedev apontando
para Ronaldo – Mas, quem é você? - e apontou para Valeska.
-Sou
a prova viva de que você está errado! Meu nome é Valeska Yakovna,
sou estudante, colega de classe de Ronaldo e Ilyana.
Medvedev
ficou intrigado com aquelas palavras e surpreso com a coragem e
convicção com que aquela mulher idosa as dissera. Mas seu semblante
endureceu novamente.
-Mentira!
-Não!
Não é! Sua máquina vai criar uma rachadura no espaço-tempo! Vai
criar um paradoxo onde ela vai envelhecer num mundo onde a Rússia
não existe mais! E a culpa é sua! Desliga a máquina, assim você
evita a morte da Mãe Rússia!
Espertamente,
Ronaldo apelava para o ardente amor do russo pela pátria mãe. Suas
palavras pareciam ter abalado a determinação do professor, que
novamente se recompôs.
0:03:23
Um
zumbido começou a ser ouvido no ambiente, eram as bobinas se
energizando para iniciar o funcionamento pleno do equipamento, o ar
estalava com a grande quantidade de eletricidade estática acumulada.
O momento final de aproximava.
-Absurdo!
EU vou fazer a Rússia grande novamente! - Gritou Medvedev apontando
a arma para o peito de Ronaldo.
Sentindo
que o homem ia mesmo atirar, o rapaz se encolheu instintivamente.
Medvedev puxou o gatilho no mesmo instante em que Valeska se colocava
na frente do amigo, a bala a atingiu no lado esquerdo do peito. Com o
impacto ela caiu para trás, Levando Ronaldo a cair sentado no chão
e ela sobre suas pernas. Em desespero Ronaldo tentava parar o sangue
que já formava uma possa no chão. Valeska respirava com
dificuldade, certamente a bala perfurara o pulmão. O jovem se
lembrara da visão em que morria, a terrível sensação de
afogamento, a mesma sensação que sua amiga agora experimentava. Com
dificuldade ela segurou a mão do amigo. Ele sentiu que ela já não
tinha mais forças.
-Maldito!
- Gritou Ronaldo em lágrimas.
-Não
se preocupe, logo se juntará a ela.
0:01:01
O
homem se aproximou do rapaz sentado no chão, amparando a amiga
baleada. Estava perto do console de controles da sala. Ronaldo sentiu
os pelos de seu corpo se eriçarem tamanha era a eletricidade
estática no ambiante. Mas agora aquilo não significava mais nada,
ele tinha falhado em sua missão, em resignação desviou o olhar
para a porta da sala, esperando o golpe de misericórdia.
Foi
quando ele viu surgindo da porta um objeto esférico que fora
arremessado do corredor em direção ao professor, conforme percorria
a distância entre a porta e o homem, a esfera começava a emitir um
crescente brilho lilás. Medvedev logo percebeu a chegada do objeto
através de sua visão periférica mas era tarde de mais, quando o
objeto chegou a cerca de um metro do alvo ele emitiu uma violenta
descarga elétrica que atingiu o professor em cheio. O som causado
pelo arco voltaico era ensurdecedor o que impossibilitou ouvir o
grito horrível de Medvedev. Ronaldo acabou levando uma descarga
secundária devido à proximidade do alvo. Medvedev, que agora não
passava de um corpo cheio de queimaduras, caiu sobre o console.
0:00:26
A
máquina já iniciava a derradeira etapa para entrar em pleno
funcionamento quando uma figura entrou correndo pela porta em direção
a máquina, em suas mãos segurava outro objeto esférico só que
maior. Quando entrou no salão onde a máquina antigravidade se
encontrava, o atirou assim como fizera com o outro, logo, o objeto
começou a emitir o mesmo brilho lilás e quando se encontrava sob as
anteparas que formavam os arcos onde a esfera antigravidade seria
gerada seu brilho se tornou branco e progressivamente engoliu a
máquina, depois o salão e então a sala de controle onde Ronaldo e
o estranho se encontram. Antes de ser engolfado pela luz, o rapaz
olhou para seu suposto salvador, ele o olhou de volta, e Ronaldo
achou seu rosto familiar.
Então,
o silêncio.
Amanhã, o Fim.
Conto - Parte 9B - Contagem Regressiva
Reviewed by Tulio Roberto
on
4/05/2017 08:16:00 AM
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