Godzilla II - Estamos Ficando Chatos Demais?

Nesta ultima Segunda-Feira (03/06) fui ao cinema, com meu filho de 10 anos, assistir à aguardada, pelo menos por nós dois, continuação de Godzilla, de 2014. Ele estava empolgado em poder assistir, no cinema, a um filme do monstrão.

Confesso que estava receoso, pois já estava assombrado com críticas pouco positivas sobre a película. O primeiro filme já não tinha agradado tanto e um fracasso na continuação poderia jogar a franquia no limbo como aconteceu com Pacific Rim. O que seria triste para fãs de monstros gigantes.

Ao sair da seção, minha sensação era bem diferente da de quando entrei, tinha acabado de voltar de uma viagem à infância. Durante o filme, voltei a ser aquele garoto sentado no chão da sala assistindo a filmes do Ray Harryhausen, na Sessão da Tarde ou a episódios de Ultraman, Ultraseven e companhia. Como a sala estava praticamente vazia, tivemos certas liberdades de conversarmos sobre as cenas, o lore do universo e as referências que eu pegava aqui e ali, mas perdi a linha mesmo quando ouvi os primeiros acordes de Godzilla March, de Akira Ifubuke, magistralmente apresentada na cena do "renascimento" de Godzilla. Saímos da sessão satisfeitos com o filme e empolgados com o próximo filme da franquia, ano que vem.

Mas não deixo de pensar nas críticas negativas, tanto de expectadores comuns, como eu, como de profissionais da imprensa especializada na sétima arte. Elas vãos desde considerarem o roteiro raso e mal escrito a até malharem as atuações dos atores humanos. Os elogios basicamente ficaram com os aspectos técnicos. Mas eu me diverti assistindo ao filme!

Será que estamos ficando chatos demais?

Last Jedi - O Star Wars
mais criticado

Com a popularização da internet e, principalmente das redes sociais, a grande massa sem rosto de pessoas ganhou voz. Hoje, aquela conversa que você tinha com amigos numa roda na calçada de casa ou na mesa de bar e que, ao irem cada um para seus lares, terminaria ali mesmo, ganhou um alcance quase que estratosférico. Então, se de quatro ou cinco amigos que assistiram a determinado filme, um não gostou, aquela opinião ficava geralmente restrita àquele circulo de amizade. Agora os haters, por assim dizer, conseguem se encontrar e esse tipo de pensamento negativo é contagioso como o vírus Influenza.

Com isso criou-se uma cultura de criticar negativamente tudo o que não for de seu agrado. Porque, culturalmente, não somos educados a elogiar só a criticar. Some-se a isso o fato de que o público quer que seus desejos sejam satisfeitos coisa que é impossível. Não se consegue agradar a Orcs e Elfos algum lado sairá contrariado. E temos hoje uma geração de pessoas mimadas e birrentas que não conseguem lidar com isso.

"Ah! estragaram meu Star Wars!"

"Final de série lixo!"

"Vinte minutos de tela pro Gavião Arqueiro!!!!"

Garanto que você, caro leitor que chegou até aqui, ouviu alguma dessas frases acima ultimamente. Parece que estamos indo assistir o que seja, filme, série ou novela já com a intenção de procurar as falhas e inconsistências para depois descer o sarrafo. Teve um crítico que malhou Vingadores Ultimato mais que Judas em Sábado de Aleluia! Se fizeram isso com Vingadores imagine o que fizeram com um filme mediano como Godzilla - Rei dos Monstros?

A palavra medíocre se tornou sinônimo de ruim e isso é errado. Ser medíocre não é necessariamente ruim pode até ser bom! Você pode se divertir com um uma produção medíocre. Nem tudo precisa ser épico, ou contar com atuações refinadas ou roteiro primoroso.

Esse é basicamente um desabafo. Acredito que cada um de nós devemos repensar nossos conceitos, não ignorarmos o que nos desagrada, não é isso! Mas, darmos uma maior atenção aos pontos positivos. Ver o copo meio cheio ao invés de meio vazio. É clichê, eu sei, mas funciona.

Godzilla II é um filme perfeito? Está longe disso, e põe longe nisso! Mas, é um filme divertidíssimo, que foi capaz de levar este senhor de meia idade de volta à infância durante alguns minutos, e compartilhar uma experiência única com seu filho.

Esse mérito esse filme tem. E me ajudou a tomar a decisão de abandonar a cultura negativa de criticar de maneira prejudicial ao invés de elogiar.