Conto Parte 5 - Loop
Se esta chegando agora leia as partes anteriores. P01, P02, P03, P04
Essa é a décima terceira tentativa. O décimo terceiro fracasso. Ronaldo não tem mais energias. Sua cabeça esta doendo. Seu corpo está exausto. Ele corre pelo pátio, todos os seus sentidos estão em alerta. A fera está a espreita, ela sempre está. Seus passos fazem um ruído indesejável. Ele sabe que tem pouco tempo.
Essa é a décima terceira tentativa. O décimo terceiro fracasso. Ronaldo não tem mais energias. Sua cabeça esta doendo. Seu corpo está exausto. Ele corre pelo pátio, todos os seus sentidos estão em alerta. A fera está a espreita, ela sempre está. Seus passos fazem um ruído indesejável. Ele sabe que tem pouco tempo.
Subitamente, um movimento é
detectado em sua visão periférica. É ele! Ronaldo quer correr mais
rápido mas, seu corpo não responde, quer chegar logo ao veículo
que esta a poucos metros.
A cada passo, o carro está mais
perto. Ele já ouve o raspar das garras da criatura no cimento do
pátio, ela está no seu encalço. Sabe que, se ele alcançá-lo será
seu fim.
Quase lá. Só mais um pouco.
A criatura solta um guincho alto,
de satisfação, sua presa está ao alcance. Ronaldo sente o hálito
podre do predador.
-Merda! - Pragueja.
A criatura mantinha os olhos fixos
na presa. Talvez por isso, não percebeu a chegada da van que a
abalroou em cheio no seu flanco direito. Até mesmo Ronaldo não
percebeu sua chegada. Assustado, o rapaz olhou para trás e
interrompeu sua fuga. Viu o Velociraptor caído, se contorcendo,
tentado se levantar e Valeska, ao volante, atordoada pelo impacto. O
rapaz fez menção de ir ajudá-la.
- Tá maluco! Se ele te pegar não
tem mais chance de resolvermos essa zona! Corre pro carro e vê se
não traz mais ninguém do Jurassic Park. dessa vez!
-Mas, e você?
-Esquece de mim, vou dar um jeito.
VAI!!!
A criatura já se levantava quando
Ronaldo voltou a correr. De canto de olho, ele percebeu que ele já
não era o interesse principal do dinossauro. Sua atenção se votara
para uma presa mais fácil, Valesca. Seu coração ficou apertado,
mas ele sabia que se chegasse ao carro e fizesse a coisa certa, dessa
vez, ele acabaria com tudo aquilo e salvaria sua idosa amiga.
Pulou dentro do carro, ligou o
motor e se dirigiu para as coordenadas que ele e Valeska determinaram
como a saída daquele lugar. De marcha a ré foi até o limite do
pátio, precisava de todo espaço possível, engatou a marcha e
partiu. Tentou não olhar o que acontecera com sua amiga, ao passar
pelo local. O animal, que percebeu a passagem do veículo, partiu em
seu encalço.
-Tenta me pegar agora, lagartixa
do capeta.
Acelerando o carro ao máximo,
Ronaldo entrou na névoa, seguido pelo Raptor. O rapaz, que não era
muito ligado a espiritualidade, rezou para que dessa vez, os cálculos
estivessem corretos, que ele estivesse indo para a linha temporal
que resolveria todo aquele pesadelo.
* * *
- Tem certeza disso?
Ronaldo estava surpreso. O que
Valeska acabara de lhe contar era fantástico demais. Mesmo para
alguém na situação em que estavam vivendo.
-Isso é muita doideira!
- Achamos a mesma coisa quando
descobrimos mas, estava tudo lá cálculos, esquemas, planos, tudo!
Não havia dúvidas o Professor Medvedev estava trabalhando em algum
tipo de dispositivo que pudesse anular a gravidade.
- Só que pra isso ele teria que
mexer com tempo e espaço. - Concluiu Ronaldo.
-Sim.
-“É tudo nossa culpa...” -
resmungou o rapaz
- Como? - Valeska não entendeu.
- É tudo nossa culpa! Foi essa a
anotação que encontrei no diário de Iliana pouco antes de te
encontrar.
A senhora ficou com um olhar
pensativo que foi logo substituído pelo de espanto.
-É isso! Iliana participava da
equipe de apoio de Medvedev! Ela participou do projeto dessa coisa!
-Mas Iliana comentou comigo que
apenas fazia os cálculos e alguma pesquisa para o professor mas, não
tinha ideia do que ele estava tramando… Mas, mesmo assim, ela se
sentiu culpada pelo que aconteceu quando descobriu…
-Descobrimos pouco antes dela
partir… Por isso ela ficou tão abatida em seus últimos dias…
Olhando para a parede coberta de
cálculos, Ronaldo não podia deixar de indagar quem teria feito
aquilo. Eles passaram horas vasculhando todo o edifício e não
encontraram nada que desse a impressão de que havia mais alguém
ali.
-E quem foi que fez isso!? Parece
que as coisas estão ficando cada vez mais complicadas!
-Bom! Isso, com certeza, é um
mistério mas, temos que nos concentrar em descobrir como Medvedev
causou tudo isso.
-Ele precisaria de uma grande,
não, uma gigantesca, quantidade de energia para alimentar essa
máquina… - Nesse momento o rapaz teve um estalo – O gerador de
arco!
-Isso mesmo! Agora faz sentido a
grande doação do Ministério da Energia para o projeto de Olaf! Medvedev tinha ligações estreitas com o Governo, tinha gente que
achava que ele tinha sido do departamento de pesquisa e
desenvolvimento da antiga KGB!
-Se ele estava desenvolvendo um
dispositivo antigravidade para o Governo, tinha que fazer tudo
escondido. E o reator de arco de Olaf seria uma ótima fonte de
energia para ele. - Completou Ronaldo.
-Então, a máquina está aqui no
campus! Mas onde?
-Tem um jeito de saber. A gente
pode ir até onde o gerador está e verificar para onde esta indo a
maior quantidade energia drenada dele. Provavelmente, é ali que
encontraremos a máquina.
O reator de arco era uma máquina
fantástica. Baseado no projeto alemão do reator Wendelstein 7-X,
ele parecia um donut gigante que cria condições para que ocorra a
fusão de átomos de hidrogênio, assim como acontece no núcleo das
estrelas. O calor gerado pela fusão aquece um tanque de água e o vapor
gerado, por sua vez, impulsiona uma turbina convencional, gerando
energia elétrica. Sua vantagem sobre os reatores nucleares, que usam
a fissão para gerar calor, não inúmeras mas a principal é que ele
pode funcionar por séculos sem problemas, como as estrelas. O
projeto de Olaf se diferenciava do projeto alemão, principalmente em
tamanho. O alemão tinha cerca de dezesseis metros de diâmetro o do
professor não passava dos oito metros e era mais eficiente pois
conseguia produzir energia suficiente para manter todo o campus da
universidade funcionando sem a necessidade de fontes externas.
Enquanto o alemão produzia energia suficiente, apenas, para se
manter funcionando.
Ele se encontrava em um anexo
construído para ele, ao lado do prédio onde os dois estavam.
Ronaldo e Valeska entraram no anexo e foram direto para a sala de
controle do reator. Ali, haviam inúmeros painéis com mostradores
que monitoravam as várias funções que mantinham o aparelho
funcionando. Acessando o console, Ronaldo carregou as rotinas de
diagnóstico. O reator de arco esta funcionando a pleno vapor e não
haviam sinais de sobrecarga.
-Aqui parece tudo normal. Não há
evidências de que alguma coisa esta drenando energia demasiada do
reator.
-Então, a maquina de Medvedev não
está ligada? - Indagou Valeska
-Pode ser… Não sei dizer. Se
não tivermos nenhuma indicação de onde ela está, como vamos fazer
para desligá-la?
Valeska pensou por alguns segundos
então, teve uma ideia.
-Tem como criar um gráfico da
quantidade de energia fornecida pelo reator?
-Tem, sim. - Mas Ronaldo não
tinha entendido onde sua amiga queria chegar.
-Se a máquina estiver ligada ao
reator esse gráfico vai nos mostrar um pico no momento em que ela
foi ligada.
Ronaldo mal esperou Valeska
terminar de falar e já estava digitando no teclado. Não demorou
muito para o monitor exibir uma linha que não mostrava muitas
ondulações até que um grande pico surgisse no dia em que toda
aquela loucura começou.
-Ela está aqui! Ligada ao reator!
Mas, onde?
Ronaldo se levantou e se dirigiu
para um dos painéis. Abriu um compartimento que revelou ser um
teclado, digitou alguns comandos que gerou alterações nos dados
mostrado nos displays. Ronaldo as leu e disse:
-Rota 66B!? Essa rota não existe!
-Como, não existe?
-Olaf projetou o reator e eu
participei na criação da rede de distribuição e tenho certeza que
só haviam 66 ramais de distribuição. Esse 66B não era para
existir. Foi instalado sem meu conhecimento ou do Olaf. Deve ser
esse que energizou o dispositivo antigravidade.
-Se ele tem o nome de 66B pode ser
que esteja perto de onde o 66 foi instalado. - Raciocinou Valeska.
-Então, está perto do prédio da
Reitoria.
-Ele não ganhou um anexo enorme
também?
-É! Mas disseram que era para
guardar os arquivos da Universidade e os mainframes. Sempre achei
muito grande só pra esse fim.
Os dois saíram do prédio do
reator de arco e foram direto para prédio da reitoria. Enquanto
andavam, Ronaldo parou.
-O que foi?
-Por que a gente tem que ir a pé?
-Perguntou Ronaldo apontando para o lado.
Valeska olhou e viu um carro
parado em uma garagem no prédio do reator.
-O carro do Olaf? Ele era louco
por ele!
-Uma relíquia dos anos 80. Não
entendo a fixação dele com aquela época. Era tudo muito bizarro, até os carros.
-É mas, tinha umas coisas legais.
-Além da Guerra Fria?
Ronaldo foi até o carro. Ele
sabia que seu professor mantinha uma cópia da chave no porta-luvas.
O carro pegou na primeira tentativa, foi até onde Valeska estava
esperando e ambos foram até o Anexo da Reitoria.
Continua...
A Parte 6 já esta on line!
Conto Parte 5 - Loop
Reviewed by Tulio Roberto
on
12/07/2016 12:00:00 PM
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