REPOST: Fantomas
Na primeira metade do Século XX, todos os heróis que fervilhavam nos livros eram personagens inspirados, principalmente, na literatura fantástica da era vitoriana. Alan Quartermein, Sherlok Holmes entre tantos outros serviram de inspiração para a maioria de aventureiros e detetives particulares que infestavam as pulp fictions daquela época. Porém com o passar das primeiras décadas daquele Século alguma coisa começou a mudar nos personagens.
Em 1932 os leitores americanos conheceram o primeiro super herói dos quadrinhos, Superman, criado pela dupla Joe Shuster e Jerry Seigel, era totalmente diferente dos personagens até então criados, ele era um alienígena que fora criado por pais terrestres e possuía o poder da super força, de dar saltos gigantescos e posteriormente voar. Mas isso a maioria dos interessados em quadrinhos e cinema já sabe de cor e salteado. Não é mesmo?
Estou falando do aparecimento do Superman porque ele surgiu na mesma época em que o Japão também conhecia seu primeiro super herói. Ogon Bato, que aqui no Brasil ficou conhecido como Fantomas por um motivo que vou explicar mais a frente, é considerado o primeiro super herói das terras nipônicas. Logo no inicio dos anos 30 ele surgiu num tipo de entretenimento muito popular no Japão daquela época, os Kamishibai, que não passava de um rudimentar show de slides que servia para ilustrar uma história que era lida por um narrador. O personagem foi criado por Takeo Nagamatsu para os pulps japoneses nos anos 30. Logo se criou uma legião fãs por todo o país.
Nesta primeira versão, Fantomas (vou chama-lo pelo nome com que ficou conhecido aqui no Brasil) fora criado pelos egípcios. Venerado como “deus da justiça e defensor dos fracos”, estava adormecido em seu sarcófago quando foi descoberto pelo Professor Yamatone e sua filha Mari. Neste momento Yamatione e sua família são capturados por Gorgo e seus homens, Mari então roga ao “deus da justiça” por ajuda e derrama uma lágrima sobre o sarcófago revivendo assim Fantomas, para, mais uma vez, lutar pela contra os maus.
A aparência física do personagem não era nem um pouco parecida com a do ultimo filho de Krypton. Com uma caveira no lugar de um rosto humano, um corpo indestrutível coberto por um longo manto negro no melhor estilo Conde Drácula e uma gargalhada tenebrosa ele lutava usando apenas um cajado de onde ele lançava raios. Claro que super força e vôo faziam parte do pacote.
Como é de costume na ficção japonesa as histórias têm começo meio e fim e após essa primeira série, em 1966, Ozamu Tezuka lançou sua versão do personagem em manga, o que alavancou novamente a carreira do herói levando-o, inclusive ao cinema com um longa metragem live action. Mas foi um ano depois que sua fama chegou ao auge com uma série animada de 52 episódios.
Esta serie é a única produção sobre o personagem que foi exibida no Brasil. Nela Fantomas luta ao lado do Dr. Steel, seu filho Terry e a órfã Marie contra o maléfico Dr. Zero e seus asseclas que, como todos os vilões da época, queria dominar o mundo.
Zero é, de longe, o vilão com o visual mais interessante que conheci até hoje. Seu rosto não é conhecido em nenhum momento da série. Tudo o que conhecemos é uma máscara com quatro olhos onde cada um lança um tipo de raio diferente, sua mão esquerda fora amputada e dava lugar a uma garra mecânica. Não possuía pernas e sim uma pequena plataforma flutuante que o permitia se locomover. Também não é mostrada sua origem e nem revelado o motivo de sua fome de poder. Seu braço direito é Gorgo a quem ele designa as missões mais importantes.
O herói da série não é menos interessante. Com um rosto que meteria mais medo do que o próprio Batman, não pronunciou nem um outro som que não fosse sua gargalhada a série toda. Nesta série, ele fora concebido pelos sacerdotes da antiga Atlântida para defender a ilha continente do Dr. Morte. Em seu confronto final contra seu arquiinimigo Fantomas o despacha para a 5ª Dimensão, uma espécie de zona fantasma, e salva Atlântida da destruição. Com a missão cumprida, o herói é colocado em animação suspensa para que no futuro possa lutar pelo bem novamente. Já que os atlantes acreditavam que um grande mal surgiria na Terra a cada 10.000 anos. Encontrado pelo Dr. Steel e seu grupo que estava sendo perseguido por uma máquina criada pelo Dr. Zero. Fantomas é reavivado por uma gota de água fresca em seu peito e deixa a máquina de destruição fora de combate, Zero jura vingança e se retira para um momento mais oportuno.
Apesar da inocência de suas histórias para os padrões atuais a série marcou época pelo seu visual diferente, de um lado não temos um protagonista bonitinho e sim uma caveira com uma risada terrível e que não pronuncia uma única palavra o seriado inteiro, do outro, temos um vilão mutilado tanto física quanto psicologicamente. Não há espaço para o tradicional romance que era praticamente lei entre os seriados da época. Apenas ação do começo ao fim.
A série foi exibida em vários países, Brasil, Itália, México e Estados Unidos. Em cada país ele recebeu um nome diferente, todos fazendo alusão à aparência física do personagem e não ao seu nome japonês. Aqui em nosso país a história do nome Fantomas é no mínimo bizarra.
Na mesma época da exibição do desenho, a TV Record também exibia o programa Telecatch, um programa de luta livre que fazia algum sucesso entre a molecadinha. Este programa seguia a mesma fórmula dos programas de luta livre americanos, a WWF, com seus mocinhos e bandidos. No meio dos mocinhos havia um lutador que usava uma máscara de caveira que fazia muito sucesso no programa. Qual era o nome desse lutador mascarado? Fantomas, lógico! E por causa dessa pequena semelhança entre os dois personagens os executivos da emissora decidiram batizar Ogon Bato como Fantomas para atrair as crianças inocentes para assistirem ao novo desenho.
Conheci Fantomas na TV Record logo no inicio dos anos 80. O que mais me chamou a atenção foi justamente a aparência do personagem, muito diferente dos desenhos bobinhos da Hanna-Barbera, Filmation ou Disney(nunca gostei de Zé Colméia, Jonny Quest ou Mickey Mouse). O Dr. Zero também me cativou tanto que nunca me esqueci de seu, vamos dizer bordão, ZEEEEEEEROOOO.
Hoje Fantomas parece que foi esquecido pelos produtores. A ultima produção com o personagem foi um filme coreano de baixo orçamento de 1972. Coisa muito triste já que o personagem não envelheceu com o tempo e pode render muito boas histórias mesmo nos dias de hoje.
CURIOSIDADE
Como a maioria das séries japonesas que chegavam aqui nos anos 70, os episódios de Fantomas não vinham acompanhados das aberturas e temas originais, por isso a distribuidora Trans-Global se via obrigada a fazer suas próprias aberturas com algumas cenas selecionadas e com o tema do desenho Viagem ao Centro da Terra da Filmatiom Studios. Música essa que era usada em todas as aberturas dos desenhos distribuídos pela Trans-Global.
REPOST: Fantomas
Reviewed by Tulio Roberto
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10/18/2016 10:17:00 AM
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Engraçado, me lembro de já ter ouvido, na época a trilha em japonês. Quanto ao nome, talvez seja devido ao personagem francês Fantômas....
ResponderExcluirO Fantomas do telecath já existia quando a série veio pra cá. E como nos EUA o peronanagrm era chamado de Fantaman, acho que servi de dica. Já o Fantomas francê era um vilão cujo os métodos parecia o de um sociopata.
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