A Casta dos Metabarões - Tragédia Grega Sideral
O
Metabarão é o guerreiro supremo da galáxia. Invencível e
implacável, ele coloca suas habilidades a quem puder pagar
o preço. Vivendo num futuro longínquo, onde a humanidade já povoou
toda a galáxia e criou uma sociedade profundamente corrupta, o
Metabarão é o fruto mais letal desse universo criado pela dupla
Moebius (arte) e Jodorowsky (texto) para a série O Incal.
Honorata |
Na
série, o detetive fracassado Jhon Difool esbarra num artefato
ancestral chamado “O Incal” que o leva a uma luta de proporções
épicas com o Metabarão e o Thecno-Papa pela sua posse. O personagem
chamou tanta a atenção do público que Jodorowsky, seu criador,
decidiu contar a história de sua família então, o autor chileno
radicado na França junto com o desenhista argentino Juan
Giménez criou a saga “A Casta dos Metabarões”
(The Metabarons, em inglês).
A
dupla deu contornos de tragédia grega à história do maior
guerreiro da galáxia. Enquanto as habilidades do Metabarão aumentam
a cada geração, maior é seu drama pessoal. Desgraças como
mutilações sofridas na infância, rejeição paterna, rejeição da
mulher amada e traições são infligidas ao personagem, nas suas
várias encarnações, para traçar um contraste, quanto mais
poderoso e maior as ameaças enfrentadas pelo Metabarão, mais
infeliz ele é, lhe restando apenas a violência como válvula de
escape para suas frustrações.
Cabeça de Aço |
Jodorowsky
é mestre no uso do surrealismo ao contar suas histórias, veja o
caso do faroeste cult El Topo, um dos filmes favoritos de John
Lennon. Ele usa esse estilo para contar a saga de seu personagem. Se
o Incal era maniqueísta, aqui temos muito mais de cinquenta tons de
cinza, personagens torturados pelo legado que fora imposto por seus
ancestrais. Talvez o personagem mais surreal de toda a saga seja
Cabeça de Aço. Uma alegoria de que é a razão que guia nossas
emoções e que quando não estamos com a cabeça no lugar, só cometemos
tolices.
Junte
a isso a arte incomparável de Giménez, cada quadro é uma obra de
arte. Destaco aqui as páginas duplas coalhadas de naves espaciais
dos mais diferentes tipos e bem trabalhadas. Claro que outros
aspectos da arte que chamam a atenção, como as personagens
femininas. A narrativa do argentino é outro aspecto que se destaca,
trabalhando em harmonia com o texto. O que faz com que as sequências
fiquem gravadas em nossa memória.
Tudo
isso compõe uma das melhores Space Ópera já criadas. Uma tragédia
grega com tons de vermelho dignos das revistas do Conan (se fossem
coloridas) e o tradicional erotismo da Métal Hurlant. Esta
não foi a última
vez que Jodorowsky visitou seu personagem, mais
recentemente, em
2016, foi
publicada uma nova história em quatro volumes, focada no Metabarão
“atual”, com texto de Jodorowsky e arte do
americano Jerry Frissen.
A Casta dos Metabarões - Tragédia Grega Sideral
Reviewed by Tulio Roberto
on
7/11/2018 11:00:00 AM
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